

Mas a chapinha em Laranjinha é uma repaginada da própria produtora da Turma de Moranguinho. Já na América Latina, mais especificamente em um país chamado Argentina - na maior cara de pau, ressalve-se - para fazer o popular programa televisivo escolheram uma, usando a expressão de Helio Santos, menina "negro-mestiça", que seria reconhecida por nós como branca. Naranjita é representada por uma pequena atriz de cabelos crespos e de pele clara (bem parecida com essa que vos escreve). Não houve nenhum pudor em clarear uma personagem preta. Poderia mesmo dizer: nenhum escrúpulo.
Taí a foto das atrizes argentinas e, em destaque, a atriz de Laranjinha - a Laranjinha argentina.
Será que o céu na Argentina é verde?
Rebeca, na Argentina quase não tem negros, deve ter um ou outro brasileiro ou uruguaio ou descendente, mas tem, né? Segundo ouvi de um senhor argentino amigo nosso (tu sabes que o pai de Gabriel é argentino, então temos vários amigos de lá), na Argentina não tem negros porque (se segure na cadeira!), na época da guerra do Paraguai, deu uma epidemia de CÓLERA e matou todos! Agora, eles ACREDITAM nisso mesmo. Aí meu ex, vendo o absurdo disso, disse: "mas veja, a cólera matou SÓ os negros argentinos, e não os uruguaios e brasileiros?" Ele ficou sem argumento. Na verdade, boa parte dos poucos negros que viviam na Argentina morreram porque foram usados de linha de frente na guerra do Paraguai, a famosa "bucha de canhão", mas eles preferem acreditar que foi uma epidemia de cólera, como ensina o governo...
ResponderExcluirNelia, não consegui responder direto no seu comentário, então vamos por aqui.
ResponderExcluirPois então, que coisa terrível, né? Uma mentira contada tantas vezes torna-se "verdade" na mente das pessoas, entranha-se de um jeito...imaginar que um vibrião é teleguiado apenas para um grupo da população, hein?
O projeto genocida de embranquecimento foi adotado por todo o continente americano e aplicado de várias formas. Na América Latina, criar guerrilhas pra jogar na fogueira os nativos e os africanos e afrodescendentes foi uma delas. A política econômica e a geografia política também. Daí que a população negra argentina é invisibilizada, tratada como inexistente, porque afastada para áreas distintas e distantes da imagem pública da Argentina - vamos dizer, quase um "embaixo do tapete".
Acredita que em Natal, RN, é desse mesmo jeitinho?! Lá ouvimos o mesmíssimo discurso, com a variante da tradição abolicionista que libertaram os negros e mandaram eles pra num sei onde.
Mas vá no morro de Mãe Luísa pra ver onde estão @s negr@s de Natal...