Encrespando

"Encrespar", na minha terra, dá a ideia de incômodo, de indignação, de alguém que deu um salto de seu lugar de conforto por algo que o incomodou. Já "alisar" é usado com a conotação de quando alguém é condescendente com algo.
Encrespo e não aliso! é um blog feito para relatar o incômodo do racismo em nossa sociedade, especialmente manifesto pela mídia e literatura voltadas ao público infantil. Sem condescendências.
Minha filha me ensinou, desde seus primeiros movimentos, a concentrar a energia de criação e a buscar a gênese. Sim, pretensiosamente, hoje, tenho um alvo mais profundo que as raízes do racismo: a sua semente. Para que não fecunde os corações das novas pessoas, dessas crianças que são nossos filhos e filhas; para que não dê mais frutos, aquelas sementes não podem mais encontrar solos férteis para renascerem racismos no mundo.
Estou mais silenciosa, mas a mente fervilha, tendo em sua grande tela a imagem de um jardim de flores multicoloridas.

sábado, 2 de julho de 2016

Das fraldas e da representatividade

Sim, eu sou, quase que literalmente, uma blogueira bissexta. Mas vou pular essa parte das desculpas esfarrapadas, filha/filho, trabalho, distrações no facebook, etc., o importante é que cá estou e aviso não ter abandonado o blog. Tá bom, vou pular também a parte das promessas.
Vim reforçar aquela velha questão das fraldas. Daquela pesquisa para cá, houve pouca ou quase nenhuma mudança na representatividade negra nos produtos de higiene infantil. Apenas determinada marca de fraldas, Turma da Mônica/Huggies, que já havia demonstrado mais espaço à diversidade no tempo da coleta das imagens, manteve-se com uma linha de rotulagem que inclui bebês negros (e orientais também). Bem irônico, porque nesse mesmo blog fiz uma análise crítica de livro e personagens de orientação racista por (equipe de) Maurício de Souza, sempre questionado pela sub-representatividade negra.
Agora há pouco, li no portal do Geledés uma notícia associada a essa questão das imagens de fralda, corroborando o intuito daquela pesquisa. A matéria nos demonstra como as imagens veiculadas em produtos infantis podem impactar fortemente na consolidação de uma identidade racial-social da criança que os utiliza. Portanto, induzem aspectos emocionais e cognitivos na construção de seu autoconceito e, consequentemente, de sua autoestima. Obviamente, não são as únicas expressões sociais que mobilizam tais aspectos, mas fazem parte de uma gama de estímulos visuais, intelectuais, auditivos, táteis, etc., nesse sentido.
Eis o texto (link abaixo). Leiamos. Pensemos.

http://www.geledes.org.br/menino-negro-abraca-pacote-de-fraldas-por-se-identificar-com-bebe-da-foto/

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