Encrespando

"Encrespar", na minha terra, dá a ideia de incômodo, de indignação, de alguém que deu um salto de seu lugar de conforto por algo que o incomodou. Já "alisar" é usado com a conotação de quando alguém é condescendente com algo.
Encrespo e não aliso! é um blog feito para relatar o incômodo do racismo em nossa sociedade, especialmente manifesto pela mídia e literatura voltadas ao público infantil. Sem condescendências.
Minha filha me ensinou, desde seus primeiros movimentos, a concentrar a energia de criação e a buscar a gênese. Sim, pretensiosamente, hoje, tenho um alvo mais profundo que as raízes do racismo: a sua semente. Para que não fecunde os corações das novas pessoas, dessas crianças que são nossos filhos e filhas; para que não dê mais frutos, aquelas sementes não podem mais encontrar solos férteis para renascerem racismos no mundo.
Estou mais silenciosa, mas a mente fervilha, tendo em sua grande tela a imagem de um jardim de flores multicoloridas.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Como eu não tive estômago para assistir... repasso o olhar de quem teve!

NA MORAL???
FALA SÉRIO!

Rosalia de Oliveira Lemos
Professora do IFRJ – Doutoranda em Política Social UFF

Quem sempre viu o Pedro Bial comandando o Programa Big Brother estava curioso em ver seu novo programa, o Na Moral, muito em função de sua trajetória como jornalista.
O que eu vi foi um Na Moral tendencioso e politicamente correto, para os que acusam pessoas que lutam contra estereótipos e preconceitos deferidos contra as mulheres e negros, veiculados no maior meio de comunicação do nosso país, a Rede Globo.
Quando tratou do assédio moral, chamou a vítima e um especialista para falar.
Quando discutiu o tema de assédio sexual, mostrou uma história com o final feliz entre o assediador e a suposta vítima, pois deu a maior ênfase no casamento, com direito à valsa e tudo!
Quando iniciou o bloco sobre Politicamente Incorreto, ao ouvir a análise de uma das convidadas sobre o tratamento dado às mulheres brasileiras no exterior, como “gostosas e popuzudas”, a interrompeu.
E ao dar o microfone para Alexandre Pires com seus macacos e mulheres popozudas não chamou ninguém. Foi às ruas e tratou o tema, na esfera do senso comum.
Ao anunciar seu Programa, falou sobre o desejo de fazer um programa de inteligência, no entanto deveria priorizar as versões, as outras falas. Todorov fala em entender o OUTRO. Ouvir as pessoas e entidades que deram início ao processo contra o clipe do referido cantor era imperioso!
Inteligência é digerir o adverso!
Alexandre Pires mais uma vez se fez de vítima, falou dos Dias das Mães, acredito que o artista deve expressar seu olhar diante à sociedade, mas NA MORAL? Faltou a fala do discordante, a diversidade no contexto do problema deveria ser preservada e priorizada.Nenhum militante negro foi convidado!
NA MORAL se anunciou democrático e comprometido em não repetir as mesmices ou clichês. Mas, pecou em muito, uma vez que foi tendencioso e assumiu apenas um lado da história e isso eu considero a face mais cruel da LIBERDADE DE IMPRENSA, a de invisibilizar o estigmatizado socialmente, o discriminado. Cerceou a fala do oponente ao sistema, a fala de quem sofre no cotidiano nas palavras e nas imagens “sem a intenção de ofender”!


Rosalia de Oliveira Lemos
Professora do IFRJ
Doutoranda em Política Social UFF